sexta-feira, 2 de julho de 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
DIVERSIDADE CULTURAL
PROFESSORA: MARIA EULINA

Alunas: Leticia Medeiros
Elizangela de Sousa
Erica Alves
Karla Caroline
Mariana Rodrigues
Morgana Kelly
Annyelle Lopes
Carla Guedes
Juliana Paula
Angelica Cordeiro


TRABALHO DE PESQUISA NO CAMPUS I DA UFPB

Nosso grupo ficou responsável por pesquisar a quantidade de professores que se cosideravam afro descendentes no campus I da UFPB. Nossa pesquisa iniciou-se nos departamentos, porém não tivemos êxito devido a falta de interesse dos funcionários em não se dispor, ou até não saber informar sobre a existência de negros no corpo docente, fomos encaminhados ao setor de contratação de professores da Reitoria, onde nos relataram a existência de 1540 docentes ao total, mas também não souberam nos dar esta informação,alegando que quando os professores vão ser contratados na ficha de dados pessoais não consta a cor. procuramos também através de telefonemas para os departamentos, dos procurados apenas quatro departamentos nos atenderam, visto que a maioria não atendia ou o número do ramal estava indisponível. informalmente conseguimos a informaçãoque haviam os seguintes negros trabalhando como professor, um professor de história do CCHLA, um de biologia do CCEN, a professora Miriam de CCSA e mais cinco professores no CE onde há três mulheres e dois homens.
Por tanto, segundo a orientação da Professora Eulina, entrevistamos o vice diretor do Centro de Educação (CE), Wilson Aragão que se considera um afro descendente. Segue a entrevista:

Você se considera afro descendente?
Sim.

Por que há dificuldade de encontrar negros na UFPB?
Primeiramente o preconceito, porque se prefere o perfil do europeu do que a do afro brasileiro e segundo a dificuldade do negro de estudar ou ter um estudo de qualidade que o leve a chegar a um ensino superior. Vale salientar que nos anos 30 mais ou menos existia uma lei que proibia os negros de estudar nas escolas, muito menos nas universidades.

Atualmente, você faz algum trabalho voltado para a cultura negra?
Sim. Eu trabalho com a inserção do pedagogo no mercado de trabalho. E também participo de movimentos relativos à cultura negra aqui na UFPB.

Sofreu discriminação na vida escolar?
Na sala, um olhar a fasta o aluno. Como eu era atleta e tinha condições financeiras um pouco melhores que o restante dos meus colegas esempre fui muito esforado nos estudos, não sofri tanto preconceito, mas um amigo meu, advogado, tabelião e rico, daqui de João Pessoa, diz que sofre constantemente preconceito em eventos sociais. Quando estava na universidade na pos graduação, em uma brincadeira um colega meu me chamou de negão, e a maioria das formas de preconceito acontecem em forma de brincadeira.

Qual sua opinião sobre as cotas?
52% da população é composta de negros e pardos. Na Paraíba, esse percentual sobe e essa proporção, a grande maioria está na escola pública. A universidade é pública e é paga pela população, e a maioria que passa no vestibular é de classe média alta. Só para se ter uma idéia em medicina, só há um negro, e este é da África, por causa do convênio da UFPB com este continente. Não interessaria a classe dominante que a massa tivesse cultura e educação para não competir com os governantes. Todo o ser humanos tem a obrigação de ser feliz e de aprender até o fim de sua vida. As pesquisas mostram o contrário do que se aparenta na sociedade (relativo aos negros).


Além de nossa pesquisa e entrevista o seguinte artigo reforçou a nossa ideia que falta professores negros dentro das nossas universidades e a nossa não é exclusividade.

Artigo encontrado:

Não há Professores Negros nas Universidades

Se os debates sobre o sistema de cotas nas universidades atentaram para a baixa representatividade dos negros entre estudantes de cursos superiores do Brasil, um novo estudo vai mostrar que a segregação racial é ainda mais forte do outro lado da sala de aula. Pesquisa pioneira do professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB) José Jorge de Carvalho constatou que nas maiores e mais importantes instituições de ensino superior (IES), o número de professores negros (pretos e pardos) não chega, em média, a 1%. Esse percentual aponta para a perpetuação da desigualdade racial em todas as áreas de poder da sociedade brasileira. Vemos a influência de docentes das universidades de maior prestígio na tomada de decisões sobre os rumos da nação, tanto no controle da economia, como nos postos chaves do Judiciário e da administração superior; e esses docentes são invariavelmente brancos em um país em que os negros são 45% da população.

Em 2000, quando José Jorge Carvalho decidiu iniciar sua pesquisa, a idéia era fazer um censo racial apenas na UnB. Porém, quando percebeu o quanto os negros eram pouco representados na universidade, resolveu avaliar a mesma situação no resto do país. De 12 instituições analisadas, seis são aqui destacadas devido à sua importância acadêmica e à sua influência decisiva na estrutura de poder do Estado brasileiro. Em cada uma das universidades, a contagem foi feita por colegas professores, em sua maioria negros. Na UnB, José Jorge teve a ajuda de professores e alunos para fazer a conta. Ao todo, cerca de 20 docentes se envolveram na pesquisa. Carvalho explica que realizou um censo de identificação e não de entrevista.

Entre as instituições analisadas, o antropólogo destaca seis: a Universidade de São Paulo (USP), a Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Estadual de Campinas (Unicamp), a Federal de Minas Gerais (UFMG), a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a de Brasília (UnB). Entre essas, a primeira foi considerada o caso mais crítico. Na USP, dos 4.705 docentes em atividade, apenas cinco são negros, o que representa em torno de 0,1%. Já a UnB foi a que apresentou o que poderíamos chamar, ironicamente, de “melhor” resultado: dos 1.500 professores, 15 são negros, o que equivale a 1%. O número total de docentes encontrados nessas seis instituições foi de 15.866, entre os quais apenas 67 negros. A média geral não passa, portanto, de 0,5% de docentes negros.
Instituição/ Total de Professores/ Professores Negros/ Porcentagem (%)
Universidade de São Paulo (USP)/ 4705/ 5/ 0,10%
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)/ 2000/ 3/ 0,15%
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)/ 1761/ 4/ 0,20%
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/ 3200/ 20/ 0,60%
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)/ 2700/ 20/ 0,70%
Universidade de Brasília (UnB)/ 1500/ 15/ 1,00%


Para Carvalho, essas seis universidades refletem e reproduzem uma rede de poder que influencia praticamente todo o ensino superior e a pesquisa no país. “Tudo passa por ali. Se os negros estão excluídos dessas instituições, eles estão fora da elite do ensino e da pesquisa no Brasil inteiro”, aponta. Isso mostra que o país é um desastre mundial em termos de exclusão racial na docência superior e na pesquisa. De acordo com o professor, não há solução imediata para o problema. E, sem intervenção, não haverá saída nem a longo prazo.

Na opinião do antropólogo, o sistema de cotas na graduação é apenas o primeiro passo para mudar essa situação. "Mas elas sozinhas não resolvem o problema porque, daqui a pouco, os cotistas formados vão querer fazer pós", observa. Por isso é preciso estudar medidas para incluir negros no doutorado e na docência, já que o racismo afeta todas as dimensões do ensino superior.

Propostas

Em sua pesquisa, Carvalho, autor do Plano de Metas para a Integração Social, Étnica e Racial da UnB, que inclui o sistema de cotas, apresenta uma alternativa para tentar melhorar o ingresso de negros na carreira acadêmica: o chamado acesso preferencial. A proposta não reservará vagas, como é feito com as cotas, mas, sim, dará preferência para negros que queiram entrar na pós-graduação, na docência superior e na carreira de pesquisador.

O pesquisador acredita que, além do sistema de preferências de vaga, os alunos negros deveriam também receber bolsas, tendo em vista que a grande maioria deles é pobre. O sistema funcionaria da seguinte forma: cada universidade receberia um determinado número de bolsas de mestrado e doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e as distribuiria entre os institutos. Os candidatos negros aprovados para a pós-graduação teriam preferência para recebê-las, segundo um número mínimo definido pelos institutos.

Nas cinco mil vagas que o Ministério da Educação (MEC) abrirá para professores, por exemplo, o professor sugere que os negros que fossem aprovados nos concursos deveriam ter preferência de contratação. “Uma oportunidade como essa poderá não se repetir em uma década e ainda assim os docentes brancos no poder estão dispostos a perpetuar essa exclusão racial escandalosa. Não é possível que o MEC ainda não tenha atentado para esse fato”, diz.

Na carreira de pesquisador, uma categoria para quem tem a bolsa de Produtividade e Pesquisa do CNPq, cujas vagas são muito disputadas, haveria também uma preferência de ingresso. Carvalho sugere que se repensem critérios de julgamento e mérito nas aprovações, na medida em que as comissões do CNPq indicam para a bolsa apenas os candidatos considerados melhores. Nesse caso, o que se propõe é uma avaliação qualitativa das condições de ingresso de um professor negro, analisando o currículo e o projeto de pesquisa do candidato dentro de uma política deliberada de formação de pesquisadores negros.

Fonte: UNB
Publicado em 20/07/2007.


Referência: Não há professores negros nas universidades. Disponível em: Acesso em: 25 de junho de 2010.

Um comentário:

  1. Olá meninas,estou passando para dizer que gostei do assunto da pesquisa de vocês,percebi também o trabalhão que vocês tiveram para obter as respostas dessa pesquisa.Agora confesso que é procupante os resultados que nos indicam que são poucos os professores negros na nossa universidade.

    Kássya dos Santos

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