terça-feira, 1 de junho de 2010

2º e 4º tarefa do portifólio

Universidade Federal da Paraíba

Licenciatura plena em Pedagogia

Disciplina: Diversidade Cultural

Professora: Dra. Maria Eulina Pessoa de Carvalho

Alunas: Alenilda Araújo de Souza Procópio - 10913792

Maria de Fátima da Silva Santos – 10923709

Pesquisa realizada no centro de Educação sobre a inclusão dos

Portadores de Necessidades Especiais.

Colaboradora professora Janine Marta Coelho Rodrigues – pós-doutorado em Educação e coordenadora do NEDESP (Núcleo de Educação Especial) UFPB que lida com deficientes desta instituição.

Dados obtidos na pesquisa: 9 cegos, sendo 7 na graduação e 2 pós – graduação. E nossa pesquisa constatou que não há nenhum estudante surdo no Centro de Educação.

O objetivo de nossa pesquisa foi identificar as principais dificuldades enfrentadas pelas pessoas com necessidades especiais no Centro de Educação.

A entrevista foi realizada com duas jovens com necessidades especiais, sendo uma cadeirante e a outra deficiente visual.

M. 36 anos – Pedagoga – mestre em educação. Hoje, aqui na UFPB estou atuando como mediadora do componente curricular Antropologia Cultural no curso de Licenciatura Plena em Pedagogia para Educação Infantil na modalidade de Educação à distância.

Pergunta – M. quais as dificuldades encontradas no Centro de Educação devido as suas necessidades?

Foi o acesso arquitetônico, ou seja, a estrutura, pois a minha necessidade me impede de realizar algumas coisas, como abrir uma porta dependendo do formato da maçaneta, isso pra mim aqui é uma dificuldade, pois eu preciso de alguém para abrir essa porta quando a maçaneta não ajuda. A estrutura arquitetônica das ruas, prédios, estacionamentos, edifícios e outros espaços sociais, é que dificulta o acesso e a possibilidade do portador de necessidades especiais deslocarem-se para todos os lugares.

A falta de rampas, calçadas e ruas desniveladas com paralelepípedos irregulares, banheiros não adaptados, orelhões altos, transporte coletivo sem plataforma móvel, degraus nas entradas de prédios, portas estreitas, fechaduras redondas, a ausência de elevadores em todos os edifícios, entrada de locais públicos com “catracas” (roletas), e outros. São alguns dos elementos relevantes que atrapalham o direito de ir e vir de todo cidadão que tem deficiência física ou pouca mobilidade de movimentos.

Como você chegava à universidade? Sozinha ou com a ajuda dos seus pais?

Eu estudava no horário matutino e chegava à universidade de transporte escolar ou quando havia algum problema, utilizava táxi. Não tinha carro na época, então sempre o motorista do transporte escolar me conduzia até a entrada principal do Centro de Educação.

Você tinha um estacionamento preferencial devido a sua necessidade especial?

Não. Atravessávamos a rua para chegarmos ao CE porque o estacionamento sempre foi do outro lado.

Eu fui à aluna que fiz um ofício para o Centro de Educação da UFPB, solicitando um orelhão e inicialmente, eu pedi um banheiro próximo porque eu fazia Pedagogia no CE e depois, colocaram em outros lugares como, por exemplo, no CCHLA banheiros adaptados para as pessoas com necessidades especiais, e consegui.

Na parte pedagógica não tive problema com nenhum professor. Quanto ao mestrado no PPGE à dificuldade também foi o acesso, como era escada e devido a minha necessidade eu precisava de alguém pra me levar até a sala porque às vezes, tínhamos aula no andar de cima, ou mesmo, ir à biblioteca do mestrado e não tinha elevador, como não tem até hoje. Então a dificuldade é mesmo a parte estrutural.

Relatos de vida:

Sofreu algum tipo de preconceito na família ou na comunidade?

Não sofri nenhum tipo de preconceito na família, pelo contrário eles sempre me apoiaram sempre me motivaram. Tenho uma família maravilhosa

E na sociedade?

Nada muito grave ou que se configure como um tipo de preconceito, mas eu diria que já passei por algumas situações de despreparo ou descaso por parte da sociedade que ainda não está preparada para lidar com essas questões, como por exemplo, ir a um show de um cantor famoso numa casa noturna e não ter um banheiro adaptado.

L. – 30 anos estudante de pedagogia – 6º período

Pergunta – L. quais as dificuldades encontradas no Centro de Educação devido as suas necessidades?

Pra mim, dificuldade é mais um desafio, é mais um degrau a superar. E o centro de Educação não está preparado totalmente com relação ao espaço físico, pois ele não transmite segurança às pessoas com deficiência visual. Como por exemplo, as escadas elas não oferecem nenhum tipo de segurança para os deficientes visuais.

Com relação aos materiais pedagógicos, a pessoa com deficiência visual não tem acesso imediato. E isso é falha do sistema que não se preocupa com a capacitação dos professores para atender as necessidades pedagógicas da pessoa com deficiência visual, deixando assim uma exclusão excludente, pois já houve vez em que o professor quando chegou à sala e me viu, me perguntou: O que é que eu vou fazer com você, L.? È aí onde está à falta de interesse da instituição, ou seja, a falha. Esses professores já deveriam chegar à sala sabendo que encontrariam alunos com necessidades especiais ou não.

Relatos de vida:

Sofreu algum tipo de preconceito na família ou na comunidade?

Sim, dentro da casa dos meus pais. Aos nove anos de idade fui rejeitada pelo meu pai, pelo fato de ter nascido com cegueira, obrigando assim minha mãe a me entregar para outra família para que ela pudesse criar os outros nove filhos. O meu pai alegava que a criança cega não servia para os lucros da roça. Eu tinha muita raiva dele, mas M. A. foi à pessoa que me criou até os nove anos de idade me ensinou a perdoar e hoje eu já não tenho mais essa mágoa. Depois eu fui morar no Instituo dos cegos por que M. A. foi morar em Portugal e minha mãe não permitiu que ela me levasse para Portugal. Então fiquei lá dos nove aos quinze anos e mesmo em Portugal ela me mandava uma mesada que era com o que eu me mantinha. Quando eu sai do Instituto dos cegos eu fui morar com a minha avó em Mamanguape. Lá me dediquei aos estudos e passei no vestibular. Depois de certo tempo eu consegui uma vaga na residência universitária e hoje estou vivendo lá. E quanto a minha mãe, eu não senti raiva por ela ter me entregado a outra família, pois eu entendi o que ela fez.

E na comunidade?

Avisão que as pessoas têm è que a gente não serve pra nada.

Comentário sobre os artigos

O primeiro artigo trata da inclusão dos deficientes na universidade e a pouca preocupação por parte da instituição em atender esses portadores de necessidades especiais, como o ambiente físico e a falta de preparo dos professores. Comparando a nossa pesquisa, L. falou sobre esse obstáculo encontrado na universidade ao citar.

E o centro de Educação não está preparado totalmente com relação ao espaço físico, pois ele não transmite segurança às pessoas com deficiência visual. Como por exemplo, as escadas elas não oferecem nenhum tipo de segurança para os deficientes visuais”.

É falha do sistema que não se preocupa com a capacitação dos professores”( ...).

E M. quando diz:

“Quanto ao mestrado no PPGE à dificuldade também foi o acesso, como era escada e devido a minha necessidade eu precisava de alguém pra me levar até a sala porque às vezes, tínhamos aula no andar de cima, ou mesmo, ir à biblioteca do mestrado e não tinha elevador, como não tem até hoje. Então a dificuldade é mesmo a parte estrutural”.

O artigo fala sobre essa dificulte que M. enfrentou.

Alunos que se locomoviam em cadeira de rodas submetiam-se ao constrangimento de serem carregados para cima e para baixo no prédio da faculdade, quando havia solidariedade de alguns colegas”(...).

O segundo artigo também trata a questão da inclusão dos portadores de necessidades especiais e dos movimentos nacionais e internacionais que buscam uma política de inclusão de pessoas portadoras de deficiência na escola regular. Algo deve ser feito em benefício desses portadores para acabar com o preconceito. Como alteração social, inclusão escolar, acatamento a legislação vigente, maiores verbas para programas sociais, uso da mídia, da cibercultura e de novas tecnologias. Também relacionamos esse artigo com a nossa pesquisa, quando L. relatou o preconceito que ela sofreu.

“Aos nove anos de idade fui rejeitada pelo meu pai, pelo fato de ter nascido com cegueira “(...).

“Avisão que as pessoas têm è que a gente não serve pra nada”.

O artigo fala desse preconceito quando diz: “Hoje, no Brasil, milhares de pessoas com algum tipo de deficiência estão sendo discriminadas nas comunidades em que vivem ou sendo excluídas do mercado de trabalho” (...).

Geografia da deficiência

Conforme NERI (2003), os percentuais de deficiência obtidos a partir do Censo de 2000 do IBGE são:

“Segundo o censo de 2000 cerca de 14,5% da população brasileira são PPDs, cerca 24,5 milhões de pessoas”. “De acordo com o censo demográfico de 200 os estados que apresentam as maiores taxas de PPDs são a Paraíba (18,76%), Rio Grande do Norte (17,64%), Piauí (17,63%), Pernambuco (17,4%) e Ceará (17,34%), enquanto que os estados que apresentam as menores taxas de pessoas com deficiência são: São Paulo (11,35%), Roraima (12,5%), Amapá (13,28%), Distrito Federal (13,44%) e Paraná (13,57%)”.

Retratos da deficiência

As mulheres são a maioria entre PPDs (54%), influenciado pela maior longevidade feminina. Os homens são a maioria entre as pessoas com concepção de incapacidade (IPPs) (56%), mais expostos a violência e acidentes em particular durante a juventude”.

Trabalhos e políticas de cotas

“ A categoria de posição na ocupação mais expressiva da população brasileira é de inativos, entre pessoas sem deficiência esse número chega a 32%, ao passo que na de PPDs cerca de 52%”.

“Observa-se que a renda média do trabalho das pessoas sem deficiência é R$643, e enquanto que a média de renda das PPDs é de R$529”.

Inclusão Empregatícia Formal

“ Num universo de 26 milhões de trabalhadores formais ativos, 537 mil são pessoas com deficiência, representando 2,05% do total de empregados, segundo as próprias firma”.

Conclusão

Concluímos que nossa pesquisa identificou que o CE Centro de Educação ainda não está totalmente adaptado para atender todos os portadores de necessidades especiais e que apesar de alguns avanços, como um orelhão e banheiros adaptados para os cadeirantes, ainda há muito o que ser melhorado, principalmente quanto a falta de segurança que ele oferece para os deficientes visuais.

Referências

MACIEL, Maria Regina Cazzaniga. Portadores de deficiência: a questão da inclusão social. São Paulo em Perspectiva, 14(2) 2000.

NERI, Marcelo (Organizador). Retratos da Deficiência no Brasil. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2003. 250 p.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: a universidade e a pessoa com deficiência. Rede Saci, 2006. Disponível em: http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=18675. Acessado em: 18/05/2010.

6 comentários:

  1. Os professores da UFPB, e de outras universidades também, deveriam saber como lidar com alunos especiais. E nós como futuros educadores, temos que ter a consciência de que teremos alunos deficientes e teremos que saber lidar com as dificuldades deles. Está aí a importância dos cursos de especialização em educação especial.

    Rebeca Ferraz.

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  2. Gostei do trabalho sobre a inclusão dos portadores de necessidades especiais, é dever dos professores e também de todos os alunos e afinal de toda a sociedade saber como lidar com pessoas especiais.

    CARLA GUEDES

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  3. Que pesquisa interessante e triste ,pois é muito dificil saber que uma das melhores universidades não tem um bom espaço para pessoas que possui uma deficiencia fisica.

    kássya dos Santos

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  4. É MUITO TRISTE SABER DAS DIFICULDADES QUE M. L. TEVE NA UNIVERSIDADE,MAIS NAO SO DENTRO DA UNIVERSIDADE COMO EM TODO OS LUGARES. TRISTE SABER QUE TEM PESSOAS QUE NÃO ESTA NEM AI PARA ELES.ESSAS PESSOAS TEM DE TER CONSCIENCIA DE COMO LIDAR COM ELES.
    LUDMILA GALDINO BATISTA DA SILVA.

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  5. É com tristeza que constatamos o total descaso da UFPB com relação aos portadores de necessidades especiais. Com essa pesquisa fica claro que as melhorias para eles, só chegam quando os mesmos as reivindicam. Esperamos que as autoridades desta Universidade, com tantas reformas e construções que estão sendo feitas atualmente, lembrem-se de incluir melhorias nas infra-estruturas que beneficie todos os portadores de deficiência e com relação aos professores, que sejam qualificados para atenderem todos os tipos de alunos e que também sejam comprados equipamentos que propricie aos professores condições de ministrar aulas para os deficientes visuais.
    Rozário.

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  6. Apesar da falta de estrutura fiquei feliz quando M. afirmou não haver tido problemas quanto aos professores, porém muitos professores afirmam não ter preparo para receber alunos com deficiência auditiva, mas quando é que haverá um preparo para essa recepção? Será que vai ser preciso entrar um surdo numa sala de aula vitorioso por ter chegado até ali e se frustrar pois seus professores não saberem com ele se comunicar? E essa reforma que esta sofrendo a UFPB, será que vai atender as necessidades de pessoas especiais? Vejamos a tão pronunciada inclusão.

    Aluna: Allane de Farias Lima - 10926212

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