quarta-feira, 30 de junho de 2010

Artigo: Diversidade de Gênero nos Cursos Superiores

Universidade Federal da Paraíba

Centro de Educação

Curso de Licenciatura em Pedagogia

Educação em Diversidade Cultural

Professora Maria Eulina Pessoa de Carvalho

Alunas: Christiane Cely- 10926191

Juliália Cássia- 10923695

Maria Aparecida- 10923696

Essa pesquisa foi realizada dia 09 de junho de 2010, no período da manhã, e teve como campo de estudo a Universidade Federal da Paraíba.

Esse estudo tem por objetivo identificar o preconceito de gênero nos cursos superiores. Desse modo, foi selecionada como amostra alunos dos cursos que são majoritariamente masculinos ou femininos, os quais apresentem uma diferença considerável entre as pessoas de sexo diferentes, entre matriculados e graduados.

Primeiro foram observadas as placas das duas últimas turmas que se formaram nesses cursos e em seguida colhidos depoimentos dos alunos e alunas. Assim sendo, foram investigados os cursos de Pedagogia, Serviço Social e Enfermagem (majoritariamente femininos) e Ciências da Computação, Engenharia Mecânica e Física (majoritariamente masculinos).

Os resultados obtidos foram os seguintes:

· Pedagogia

Turmas:

- 2009.1 (Mulheres: 23/ Homens: 1)

- 2009.2 (Mulheres: 32/Homens: 8)

Fonte: Placas dos graduados.

Corpo Docente

DME (Departamento de Metodologia da Educação)

Mulheres: 26

Homens: 19

DFE (Departamento de Fundamentação da Educação)

Mulheres: 25

Homens: 17

DHP (Departamento de Habilitações Pedagógicas)

Mulheres: 32 + 1 (profª substituta)

Homens: 9

Fonte: Departamento do curso

Depoimentos de estudantes:

Mulher:

“É estranho devido ao preconceito por acharem que ser professor de criancinhas é coisa para mulher”. (aluna do 4º período)

Homem:

“É constrangedor pela presença de tantas mulheres. Em relação aos professores há uma discriminação quando se refere à generalização na sala, como se houvessem apenas mulheres. Mas em nenhum momento me arrependi da escolha que fiz.” (aluno do 5º período)

· Enfermagem

Turmas:

-2009.1 (Mulheres: 27/Homens: 7)

-2009.2 (Mulheres: / Homens:)

Fonte: Placas dos graduados.

Corpo Docente:

Mulheres:

Homens:

Fonte: Departamento do curso

Depoimentos de estudantes:

Mulher:

“Normal, não tem discriminação na sala de aula com relação aos colegas, porém, no estágio podemos observar certo preconceito por parte dos pacientes ao ser atendido por homens.” (aluna do 6º período)

Homem:

“Um pouco excluído com relação às conversas, mas não há descriminação por parte das professoras nem por alunas, só dos pacientes que preferem ser atendidos por mulheres”. (aluno do 7º período).

· Serviço Social

Turmas:

- 2009.1 (Mulheres: 47 /Homens: 2)

-2009.2 (Mulheres: 29/ Homens: 3)

Fonte: Coordenação do curso.

Corpo Docente:

Mulheres: 27

Homens: 3

Fonte: Departamento do curso

Depoimentos de estudantes:

Mulher:

“No meu ponto de vista não há preconceito, nós mulheres aceitamos eles sem discriminação, mas notamos que eles ficam um pouco afastados quando estamos conversando sobre assuntos femininos. Porém nos conteúdos aplicados em sala de aula, eles participam ativamente das aulas”. (aluna do 2º período)

Homem:

“Em relação às colegas de sala me relaciono bem, mas reconheço que tem um pouco de preconceito por ser homem em uma sala de tantas mulheres, me sinto excluído das conversas, mas estou tentando vencer este preconceito sendo participativo em sala de aula. (aluno do 2º período)

· Física

Turmas:

- 2009.1(Mulheres: 0 / Homens: 10)

-2009.2 (Mulheres: 0 / Homens: 19)

Fonte: Coordenação do curso

Corpo Docente

Mulheres: 2

Homens: 28 + 4(profº substituto)

Fonte: Coordenação do curso

Depoimentos de estudantes:

Mulheres

“Diferente, pois existem poucas mulheres, mas os meninos não têm preconceito. No início do curso existem muitas mulheres, só que depois a maioria desiste porque o curso é muito pesado. Em relação aos professores eles nos tratam de uma forma diferenciada, principalmente com relação ao vocabulário”. (aluna do 7º período)

Homens

“Falta presença feminina tanto em relação às alunas quanto as professoras, havendo poucas professoras no curso. O tratamento em sala é igualitário sem discriminação.” (aluno do 6º período)

· Ciências da Computação

Turmas:

-2009.1(Mulheres: 1 / Homens: 6 )

-2009.2 (Mulheres: 3 / Homens: 17)

Fonte: Coordenação do curso

Corpo Docente

Mulheres: 5

Homens: 20

Fonte: Coordenação do curso

Depoimentos de estudantes:

Mulheres:

“Tem uma diferença com relação ao tratamento (em termos positivos), os professores são mais atenciosos, eles decoram os nomes das alunas (por serem poucas). Mas em relação aos meninos não há preconceito, eles nos tratam de forma igualitária.”

Homens

“Bem, o tratamento é diferenciado para as mulheres, pois os professores dão mais atenção, quando chega uma aluna na sala, chama logo nossa atenção, fica uma ilha de marmanjo em torno dela” (aluno do 7º período)

· Engenharia Mecânica

Turmas:

-2009.1(Mulheres: 3 / Homens: 38)

-2009.2 (Mulheres: 0 /Homens: 12)

Fonte: Coordenação do curso

Corpo Docente

Mulheres: 0

Homens: 35

Fonte: Coordenação do curso

Observação: A única professora que houvera no curso se aposentou há pouco mais de dois anos

Depoimentos de estudantes:

Mulheres

“Eu amo meu curso! Já houve muito preconceito, mas hoje não tem tanto. Só que em relação ao tratamento em sala de aula posso dizer que é diferenciado, somos tratadas com mais delicadeza pelos professores, sendo mais atenciosos e com o uso da linguagem diferenciada” (aluna do 4º período)

Homens

“É horrível porque o curso é praticamente masculino, o cheiro da sala é diferente. E com relação às mulheres elas são tratadas de modo diferente, mas com os homens não tem moleza” (aluno do 5º período)

Através dessa pesquisa, podemos observar que há desigualdade no acesso a certos cursos superiores para homens e mulheres. De acordo com os artigos utilizados como base, não houve muitas mudanças, comprovando que mesmo com o passar dos anos, o preconceito ainda predomina.

Durante a pesquisa em campo, podemos ver que nos cursos majoritariamente masculinos, os meninos sentem falta da presença feminina, mas não com “ar de valorização da mulher” nessa área e sim de forma sexual.

“O cheiro da sala é diferente. ” (Aluno de Engenharia Mecânica)

“Quando chega uma na sala, chama logo a atenção, fica uma ilha de marmanjo em torno dela.”

(Aluno de Ciências da Computação)

Em relação às alunas dos cursos majoritariamente masculinos, estas se sentem aceitas, porém afirmam que há uma nítida diferença com relação ao tratamento, elas recebem mais atenção em Engenharia mecânica e Computação. Já em Física, foi apontado que muitas mulheres desistem do curso, necessitando uma maior exploração para que se possa compreender melhor o porquê desse acontecimento.

“No início do curso existem muitas mulheres, só que depois a maioria desiste por que o curso é muito pesado.”

(Aluna de Física)

Nos cursos predominantemente femininos, o preconceito por parte das alunas e dos professores não é tão intenso, mas ainda assim é visível. Segundo o aluno de Pedagogia, o conteúdo é passado de forma igualitária pelo corpo docente, porém, o modo como tratam os alunos do sexo masculino acaba sendo generalizado, como se estes fossem uma delas.

“(...) em relação aos professores há uma discriminação quando se refere à generalização na sala, como se houvessem apenas mulheres.”

(Aluno de Pedagogia)

Em contrapartida, pode-se observar o preconceito de fora para dentro, principalmente na área de saúde, onde culturalmente os pacientes, de modo geral, preferem o atendimento feminino quando se trata – principalmente - de exames do tipo ginecológico.

“(...) não há descriminação por parte dos professores nem dos alunos, só dos pacientes que preferem ser atendidos por mulheres”.

(Aluno do curso de Enfermagem)

Podemos notar um aumento, com relação à participação de homens nas áreas onde as mulheres predominam, mas isso não quer dizer que esse preconceito e o machismo que eles carregam consigo seja uma coisa generalizada.

“(...) me sinto excluídos das conversas, mas estou tentando vencer este preconceito sendo participativo em sala de aula.”

(Aluno do curso de Serviço Social)

Em suma, independente da área de atuação, é visível a crescente presença feminina (em menor quantidade) nas áreas majoritariamente masculinas, bem como a masculina nos cursos onde as mulheres estão em maior quantidade.

Assim sendo, de onde surgiu o preconceito dentro dos cursos superiores?Ele é um ideal individual ou coletivo? Mas, que ideais seriam esses? O da injustiça? O da desigualdade? O da discriminação?

Deduz-se que o preconceito surge de maneira individual e só passa para o coletivo a partir do momento em que pessoas se unem para lutar a favor dos mesmos ideais, e mesmo que essa ideologia não seja das melhores é necessário que haja respeito entre as partes.

A busca pela atuação na área dos sonhos deve ser primordial e deve independer da diversidade sexual e de gênero. O preconceito é um obstáculo que assim como os demais, pode vir a ser ultrapassado, mas para isso é necessário que haja respeito de dentro para fora, e amor pelo que se faz para que este seja executado com perfeição, proporcionando prazer a si mesmo e ao próximo.

Referências:

ARRUDA, K.B. Gênero e Ensino Superior: Perspectivas profissionais de discentes concluintes em 2009.2 dos cursos de Engenharia Mecânica e Serviço Social da UFPB.

CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de,Gênero e carreiras universitárias: o que mudou? – ST 23

2 comentários:

  1. Olá garotas foi bem legal o lugar onde vocês realizaram a pesquisa da entrevista de vocês,é bem interessante e triste sabermos que de forma tão forte dentro de uma universidade pública existe uma diferença e discriminação entre os gêneros.

    Kássya dos Santos

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  2. Infelizmente o preconceito é algo muito grande e quando comparados a dados como esse da pesquisa de gênero, podemos ter a certeza concreta de tanta discriminação existente em nossa sociedade.

    JULIANA PAULA

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