segunda-feira, 31 de maio de 2010

TAREFAS 2 E 4 DO PLANO DE CURSO

TEMA DE INTERESSE: PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO DE RAÇA/ETNIA

REFERÊNCIAS

GOMES, Nilma Lino. Cultura negra e educação. Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais. Revista Brasileira de Educação, Nº 23, 2003.

JAHN, Filipe. O fator mascarado: combatido nos discursos, o preconceito ainda está muito entranhado na sociedade e nas escolas brasileiras. Revista UOL Educação. Edição 148. Agosto, 2009. Disponível em: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12751

PERGUNTAS DA ENTREVISTA

Aluno negro:

1- Quantos anos você tem e qual é a sua cor?

2- Você tem amigos na escola? Quantos?

3- Você gosta desta escola? Por quê?

4- Você acha que seus colegas gostam de você? Por quê?

5- Você gosta de sua professora?

Aluno branco:

1- Quantos anos você tem e qual é a sua cor?

2- Você tem amigos negros na escola? Quantos?

3- Você gosta desta escola? Por quê?

4- Você acha que seus colegas gostam de você? Por quê?

5- Você gosta de sua professora?

Professora:

1- Você tem alunos negros? Quantos?

2- Eles sofrem discriminação na escola? Se sim, por parte de quem?

3- Você trabalha em prevenção ao racismo? Como?

Diretora Geral:

1- A escola recebe muitos alunos negros? Em média de quantos?

2- Eles sofrem discriminação na escola? Se sim, por parte de quem?

3- Você trabalha em prevenção ao racismo? Como?

Responsáveis:

1- Você acha que seu filho gosta da escola que estuda? Por quê?

2- Você acha que a escola está contribuindo para a aprendizagem do seu filho? Se não, como você acha que poderia melhorar; se sim, como você sente essa contribuição?

3- Você sente alguma discriminação por parte da escola em relação a seu filho? Como se expressa?


SISTEMATIZAÇÃO DA ENTREVISTA

Apresentamos aqui o resultado das entrevistas realizadas com uma aluna branca de seis anos, um aluno negro de nove anos repetente pela terceira vez, a professora de ambos do 2º Ano “A” do Ensino Fundamental à tarde, da escola municipal Frei Albino em João Pessoa. Participaram também da entrevista a diretora geral da escola e os responsáveis pelos alunos entrevistados. A escolha dos sujeitos para a entrevista foi baseada em uma situação de discriminação racial na referente turma observada por uma das entrevistadoras no seu estágio.

Iniciamos a entrevista com as crianças indagando sua cor, para observar qual a percepção delas sobre a questão. A aluna branca respondeu ser “morena” (provavelmente devido a cor de seu cabelo), já o aluno negro respondeu ser “marrom”, suas respostas nos possibilitaram a reflexão de que eles refletem a visão das pessoas que são próximas à eles e que assim os caracterizam, não tendo ainda uma definição de raça/etnia.

A relação de amizades dos alunos entrevistados com os demais na escola reflete bem o ato discriminatório, tal afirmação se baseia no número de amigos dos mesmos, tendo a aluna branca mais amigos que o aluno negro. Como podemos observar na entrevista da revista educação, o preconceito, não só racial, revelou-se bastante presente no meio escolar. No que se refere ao relacionamento com a professora verificamos uma situação mais complexa, a aluna branca gosta da professora por essa não falar muito com a aluna, enquanto o aluno negro não soube responder por que gostava dela, ficando em silêncio por alguns instantes. Ressaltamos que o tratamento que a professora dá para o aluno negro é de total discriminação, onde em alguns momentos chega a inculcar-lhe a incapacidade para a aprendizagem, dizendo-lhe que: “ negro só é gente quando estuda”. Nesse sentido observamos que a professora não está preocupada em promover a igualdade, fugindo de sua real função, que segundo Gomes é de promover práticas pedagógicas que combatam a discriminação, porém, pelo contrário, ela reforça as representações negativas a cerca do negro, presentes na sociedade. Podemos perceber a confirmação dessa falta de ação por parte da professora em suas respostas na entrevista, na qual a mesma afirma que tem alunos negros, mas os mesmos não sofrem discriminação “pelo menos na classe não”, ressaltamos que os atos da professora não são coerentes com suas palavras, como foi mostrado anteriormente.

A professora ainda afirma que trabalha em prevenção ao racismo, mas diz que “porém este ano ainda não trabalhei porque não surgiu nenhum caso de preconceito entre os alunos”. Mais uma vez ela sai de sua tarefa – independente de haver preconceito – que é de mostrar que as diferenças entre brancos e negros é uma construção cultural formada a partir das reações de poder e dominação que transforma e classifica o homem. Contudo a mesma mostra que não tem uma postura política a cerca das questões que norteiam a sociedade.

De acordo com a Revista UOL Educação (148, 2009) a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) realizou uma pesquisa em 501 escolas públicas do país publicada em 2009, revelou que “18,5 mil pessoas entrevistadas, entre alunos, professores, funcionários e pais, 99,3% demonstraram algum tipo de preconceito étnico/racial, socioeconômico, de gênero, geração, orientação sexual ou territorial”, dentro dessa porcentagem 94,2% são relacionados à diferença étnico/racial. Com esses dados podemos perceber que é verídica a afirmação de Gomes que a escola não está agindo com neutralidade, e está se revelando como um espaço de difusão das representações negativas sobre o negro, sendo que a mesma deveria desempenhar o papel contrário. Combater a discriminação com maior vigor, seria uma sugestão a servir de projeto para um ano todo em escolas de ensino fundamental, pois como mostra a pesquisa da FIPE, o tipo de preconceito que mais apresenta abrangência no ambiente escolar é étnico/racial com 94,2%.

Na escola pesquisada confirmamos essa afirmação a partir das respostas da diretora geral, onde diz que a escola recebe em média três a quatro alunos negros por turma, e que os mesmos não sofrem discriminação, pelo menos não em sua gestão. Também afirma que não trabalham contra a prevenção, só usam alguns “textos, músicas ou peças no dia da consciência negra”. Concluímos em sua fala que a escola não está assumindo o papel político-pedagógico de fazer conhecer e valorizar a cultura existente dentro da sociedade e de construir, junto à família e a sociedade, o caráter, a personalidade e o comportamento das crianças. Sendo assim, não se cumpri a LEI 10.639/2003, onde torna obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares[...].

A família é de fundamental importância na cobrança da execução do papel da escola, bem como na observação do comportamento do filho nas relações com os colegas e professores, mas sabemos que a maioria das famílias de classe menos favorecida não está muito interessada com essas questões. Por esse pensamento decidimos também entrevistar os responsáveis pelos alunos entrevistados. Quem se dispôs a participar da entrevista foram as mães dos mesmos. As respostas das mães nos levam a dois pensamentos, ou elas participam ativamente da vida escolar dos filhos, ou o contrário, parecendo que responderam apenas para formalizar o estudo, mas, para a comprovação dessa reflexão seria necessário uma pesquisa mais aprofundada. As duas mães responderam que os filhos gostam da escola onde estudam, e que os mesmos não sofrem discriminação, mas em relação à contribuição da escola para a aprendizagem, a mãe do aluno negro afirma que a escola contribui com o “dever de casa e com a professora”, já a mãe da aluna branca afirma que não está achando bom, dizendo que “acho que é porque mudou a direção, mas como só tem essa escola municipal perto de minha casa, é o jeito ela continuar lá.”

Concluímos então que para a cultura negra ser reconhecida, respeitada e valorizada, será necessária uma forte revolução educacional, a começar na formação dos professores na graduação, dando-lhes a oportunidade de conhecer e respeitar as diferenças. Como mostra o MEC/SECAD em políticas educacionais para a diversidade: [...] produzir conteúdos específicos para a capacitação de professores e para o material didático a ser utilizado por profissionais da educação e alunos. É preciso haver uma reeducação de aceitação da nossa própria história, já que em nossas raízes históricas a cultura negra é uma das bases de construção, e é dessa base que devemos ter conhecimento para entender suas peculiaridades.

FRANCISCA JOCINEIDE DA COSTA E SILVA

REBECA FERRAZ DE SOUZA

3 comentários:

  1. Bem interessante o tema da pesquisa de vocês,triste só é saber que alguns profissionais da educação,principalmente professores e professoras possui preconceito pelo seu proprio aluno.Qual a diferença de um branco para um negro?NENHUMA,consciencia ,devemos rever e ver que todos somos iguais ,principalmente por dentro.

    KÁSSYA DOS SANTOS

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  2. realmente muito triste saber de pessoas que tem o preconceito racial como nossa amiga KASSYA comentou não nenhum diferença entre o branco e o negro. Essas pessoas tem de ter consciencia e aceita como somos.
    LUDMILA GALDINO BATISTA DA SILVA

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  3. Excelente artigo. O que mais chamou a atenção foi a descriminação da professora para com seu aluno negro.Fato vergonhoso, pois esse não é o papel de um(a) professor(a). Cabe ao professor(a) zelar pelo bem-estar dos alunos, evitando algum tipo de descriminação.
    MARIA LUISA LIRA DE ARAÚJO

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